sexta-feira

Estratégias para lidar com a crise, e o stress financeiro


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(Mihai Ignat - XI Porto Cartoon, 1º Prémio)

Com a recessão económica mundial, nunca tanto se ouviu falar de crise financeira, e do endividamento das famílias, grandemente ampliado pelo número crescente de desempregados, que em Janeiro passado, já representava 10, 4% da população portuguesa.

Estas dificuldades financeiras, aliadas a expectativas de despedimento, congelamento ou redução de salários, alterações no horário de trabalho, perda de investimentos, e aumento de custo de vida, têm implicações óbvias na saúde, e bem-estar, dos portugueses, podendo, nos casos mais graves, conduzir, como vimos recentemente, no caso da France Telecom, a sentimentos de desânimo, impotência, vazio e desamparo tão severos que se relacionam com um aumento da ideação, e comportamento suicidas.

Com efeito, será normal e compreensível que, nestas circunstâncias,  as pessoas sintam “stress”, ansiedade, e desânimo, particularmente aquelas que já sentem dificuldade em satisfazer as suas necessidades, e as dos que de si dependem.

Cuide de si

Nestes momentos, é fundamental “cuidar de si”, e não recear, quando necessário, pedir ajuda.

Igualmente importante nestas alturas, é o apoio dos mais próximos – familiares e amigos. Partilhar as dificuldades económicas com aqueles em quem confia, poderá representar o primeiro passo para lidar com o “stress financeiro”, e recuperar a sensação de controlo da sua vida.

Paralelamente, deverá atentar em todos os aspectos da sua saúde (física, mental, e emocional), não menosprezando 7 a 8 horas de sono diário, uma boa alimentação, e o reforço do seu nível de actividade física (o que o ajudará a reduzir os níveis de stress negativo e a melhorar o  humor). Muitas actividades desportivas são gratuitas, pelo que o peso no orçamento de uma mensalidade no ginásio, não serve como desculpa.

Reserve diariamente, um tempo para descontrair, e socializar.

Planeie as suas finanças, registe todas as suas despesas, e estabeleça um limite máximo diário de quanto pode gastar. Encontrará aqui uma ferramenta útil para a sua gestão financeira *(documento excell, em português do Brasil)



Cuide dos seus

As dificuldades financeiras afectam todo o agregado familiar. Deve conversar com a sua família, e em conjunto, definir um plano claro, com metas realistas, onde todos possam contribuir para ultrapassar esta situação.

Converse com os seus filhos sobre dinheiro. De uma forma simples, e adequada à sua idade, explique-lhes que não há culpados das dificuldades que atravessam (muitas famílias passam, actualmente, pelo mesmo) e torne-os agentes activos e parte do orçamento familiar, destinando-lhes, a gestão de uma semanada ou mesada, previamente acordada, e mobilizando-os para a ambicionada poupança familiar (duche em vez de banhos de imersão prolongados, redução de gastos de electricidade desnecessários, a opção por produtos sem marca –mais baratos, etc). Esclareça que parte dos rendimentos familiares está destinada a suprir determinadas despesas, e revele-lhes qual o montante de que dispõem, mensalmente, para gastos não essenciais, concedendo-lhes, caso estas alterações permitam poupar algum dinheiro no final do mês, uma pequena parte para o seu próprio ‘pé-de-meia’. Esta atitude constribuirá para que os seus filhos melhor compreendam a situação, e extravagância de algumas das suas exigências.

Reflicta sobre a possibilidade de dar conhecimento da sua situação financeira também  à sua família alargada, pois nela poderá residir a possibilidade de encontrar uma alternativa de emprego, um apoio financeiro pontual, ou tão simplesmente, ajuda preciosa para manter a sua casa em ordem, ou tomar conta dos seus filhos pequenos.

Continue a divertir-se com os seus. À semelhanças das actividades físicas gratuitas – que podem, inclusive partilhar - , não faltam sítios onde podem passear de graça, e actividades familiares gratuitas, ou de baixo custo. Esteja atento às sugestões em agendas culturais, sites das câmaras municipais, ou páginas de lazer como as do Público ,  ou Lifecooler

Apesar de tudo, saiba que conta ainda com o bem mais precioso que poderá oferecer aos seus –amor, e  tempo de qualidade.

Se apesar de todos os seus esforços, se se sentir,  passado algum tempo, e com demasiada frequência e intensidade ,

deprimido, sem esperança , irritado, frustrado, desinteressado, sem prazer nas actividades que outrora lhe eram agradáveis, com dificuldades de concentração e incapacidade de tomar decisões, pensamentos sobre a morte, sentimentos de vazio ou solidão, perda de interesse,  com sintomatologia física – dores ou sensação de aperto no peito, taquicardia, azia, esofagia, sudação excessiva, pode estar na altura de pedir uma ajuda extra.

Nas mais diversas áreas há ajudas gratuitas,  ou de baixo custo a que pode recorrer :


Para apoio às famílias em crise, para além de inúmeros simuladores, e dicas disponibilizadas pelo Gabinete “SOS Crise” da Deco (linha telefónica 808 780 507), dispõe do GOEC - Gabinete de orientação ao endividamento dos consumidores, que  funciona nas instalações do ISEG, em Lisboa, de segunda a sexta-feira, entre as 17:00h e as 20:00h, podendo o contacto ser presencial, por telefone ou fax, ligando para os números 21 392 59 42 e 21 396 79 71, ou por e-mail, através do endereço gac@iseg.utl.pt.
Para apoio jurídico gratuito, informe-se junto da sua junta de freguesia.

Para apoio psicológico, informe-se , igualmente na sua junta de freguesia (muitas disponibilizam este serviço), ou procure Psicólogos Clínicos e Psicoterapeutas credenciados que  disponibilizem consultas de psicologia e psicoterapia a preços reduzidos.

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* cedida por www.oeconomista.com.br

quinta-feira

Estado vegetativo? Ou... nem sempre assim ?

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Um novo estudo, publicado pelo NEJM (New England Journal of Medicine), dá conta que 3,  dos 23 pacientes , diagnosticados como estando em estado vegetativo, manifestaram sinais de consciência em exames de imagem cerebral (ressonância magnética), tendo, um paciente chegado a’’ responder’’(através da técnica utilizada pelos investigadores), demonstrando-se , deste modo,  potencial de comunicação em pacientes, outrora tidos como incapazes de resposta.

O termo estado vegetativo foi utilizado, em 1993 num relatório da American Neurological Association (1) e em 1994, no documento da Multi-Society Task Force on the Persistent Vegetative State de 1994 (2), que o definia como,

«uma situação clínica de completa ausência da consciência de si e do ambiente circundante, com ciclos de sono-vigília e preservação completa ou parcial das funções hipotalâmicas e do tronco cerebral», através de critérios como “a total ausência de consciência do eu ou do ambiente circundante; impossibilidade de interacção com o próximo, ausência de respostas sustentadas, reprodutíveis, intencionais e voluntárias a estímulos visuais, auditivos, tácteis ou nóxicos”, entre outros.

À luz de estudos como este, talvez seja necessário redefini-lo(s)!




(1)American Neurological Association Committee on Ethical Affairs. Persistent vegetative state. Ann Neurol 1993; 33:386-390.
 (2)The Multi-Society Task Force on PVS. Medical aspects of the persistent vegetative stateN Engl J Med 1994; 330:1499-1508, 1572-1579

 
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