sexta-feira

O tamanho conta....

.

...pelo menos o do dedo anelar. Aparentemente,  a inclinação pela novidade que conduz alguns homens a privilegiarem os encontros amorosos ocasionais, não pode ser ocultada, revelando-se no comprimento do quarto dedo da sua mão esquerda.

Investigadores alemães e suíços demonstraram que os os indivíduos que possuem um anelar esquerdo maior que o respectivo indicador têm menor propensão para estabelecerem relações duradouras. De acordo com o estudo, tal característica ,  depende da maior ou menor precocidade da impregnação de testosterona no útero materno , no decorrer da gestação.


in Archives of Sexual Behaviour, 2010

domingo

Espera o pior, e nunca sairás desapontado *


Basta o fantástico prólogo de Melancholia (2011), que visualiza o apocalipse numa sucessão de quadros sublimes e oníricos, acompanhados pela música de Wagner, para que valha a pena ver este último filme de Lars Von Trier.


A destruição da Terra, que entrará em rota de colisão com o planeta Melancolia é narrada através da complexidade das relações entre duas irmãs , Claire (Charlotte Gainsbourg) que esconde as suas angústias na necessidade de tudo controlar, e Justine (Kirsten Dunst) cujos humores depressivos encontram certo apaziguamento com o anúncio da catástrofe.

Aparentemente, o fatalismo patológico desta personagem revela-se a forma mais adequada para lidar com tão trágico prenúncio.

* provérbio ucraniano

quinta-feira

The Painted Veil (2006)

The way back machine II





"we'll always have..."

...filmes como esta adaptação do romance homónimo de Somerset Maugham , que se distanciam da linearidade das histórias de amores- à-primeira- vista, proibidos ou não correspondidos , ou das tão frequentemente filmadas histórias de homens e mulheres melancólicos e impotentes perante as agruras da vida, principais responsáveis pela separação dos amantes.
Não tão comuns, actualmente, no cinema como as ficções ou realidades que retratam as várias facetas deste novo ideal de Amor, 'contingente', reflexo da forçosa desmitificação do 'amor romântico', insustentável perante a instabilidade e transitoriedade da vida e conjugalidade modernas, dizem-me muito mais estas, que renegam determinismos , almas - gémeas, e relações fáceis - momentaneamente perfeitas e, consequentemente, demasiado descartáveis-, argumentos que invertem a ordem instituída das 'sequências ideais e idealizadas', desvalorizam os jogos de sedução , e nos dão conta do êxito improvável da relação entre dois seres (muito) humanos, repletos de defeitos que pouco têm para 'dar certo', mas que persistem, e vencem , apesar dos custos e sofrimentos inerentes, as grandes batalhas que travam interiormente, e entre eles, num cenário igualmente conflituoso, que tanto tem de assombrosamente belo, como de terrífico.

E contudo,  li que houve quem considerasse este filme "longo, lento, e muito pouco imaginativo"


(...mas como as vidas também o são, mor das vezes,  apetece  rever o " Orgulho e Preconceito")





La Moustache

(The way back machine I)


A maior perversão do filme 'La Moustache', para além do incompreensível título português "amor suspeito"é , na minha opinião, a adaptação do romance do próprio Carrère conseguir apresentar-nos a fragilidade da identidade e da sanidade, a irrupção da paranóia, e a ameaça do espaço seguro (e securizante) dos nossos passos, relações e gestos mais familiares, da mesma forma que um soberbo episódio da "The Twilight Zone" , e que como tal, independentemente da plausibilidade dos pesadelos dos protagonistas, dificilmente os encaramos como nossos.


Com efeito, o realizador consegue distanciar-nos da loucura , ao exibir magistralmente a lógica realistica das explicações antagónicas que cada um dos elementos do casal detém para os mesmos acontecimentos ambíguos, cabendo aos espectadores as considerações sobre a realidade /ilusão que os factos encerram. O realizador aguça-nos as incertezas quanto ao carácter das personagens, consciente que, tal como Marc (Vincent Lindon) que, no desfecho, abdica perfidamente da sua verdade (no romance, o protagonista suicida-se), também nós já questionámos a validade das nossas percepções.

Emmanuel Carrère sabe que também nós, espectadores, nos cruzámos directa ou indirectamente com a insanidade e destrutividade, até então bem ocultas numa fachada de equilíbirio mental e correcção moral de pessoas que julgámos próximas; que todos nós desejamos ardentemente que as aparências correspondam à verdade das coisas para que assim possamos agarrar-nos à fiabilidade das nossas percepções; que já ignorámos as incoerências daqueles que sabem comportar-se como se tivessem sentimentos, e que apesar de desprovidos de qualquer capacidade empática, são - como diria Arno Gruen - "apresentadores (exímios) da consciência" ( dramatizam a ideia que têm de amor, da ternura, da raiva , do remorso e da vergonha, mas não as emoções realmente sentidas); sabe que alguns de nós nos 'deitámos com o Diabo', e que a dada altura optámos, perversamente, por também fechar os olhos.





O Cisne Negro (2010)



O Cisne Negro (2010) é o relato vívido da terrífica história de Nina, papel magistralmente interpretado por Natalie Portman, uma jovem bailarina que se prepara para interpretar o papel da Rainha, numa  produção do bailado " O Lago dos Cisnes". Apesar de ter conseguido alcançar o estatuto de solista da companhia, Nina é-nos apresentada como uma jovem insegura, frágil e muito vulnerável, facto a que não é alheia a (omni)presença de uma mãe intrusiva que culpa a filha pelo seu fracasso profissional , e , narcisicamente, lhe exige que alcance o sucesso que lhe escapou, por dela ter engravidado.

No bailado, a Rainha dos Cisnes deverá ser capaz de interpretar extremos: a dócil princesa Odette, mais parecida com a delicada Nina, mas também,  Odile, cisne negro transformada pelo mago numa vil sedutora capaz de levar o Príncipe a quebrar os votos e juras de amor prometidos à inocente Odette.

 
No filme, a actriz Mila Kunis, encarna o papel da outra solista, mas sensual e espontânea, que aparenta querer roubar o protagonismo de Nina - num paralelo com a história de Odette-Odile, em que os conflitos, - reais e imaginados- se  ampliam à medida que a protagonista da companhia se esforça, arduamente, por encarnar o cisne negro, e onde a hábil realização de Darren Aronofsky permite que a dúvida sobre se esta disputa se desenrola entre as duas personagens reais, ou se opõe duas facetas clivadas da protagonista, , acompanhe e entusiasme os espectadores.

A temática dissociativa, tão presente na literatura e no cinema, é também em O Cisne Negro, uma metáfora da incapacidade de Nina em integrar as suas projecções agressivas, por falta de acesso a uma relação continente que a conforte e proteja da malignidade de figuras parentais, assumidas precocemente pela mãe e, mais tarde, pelo coreógrafo , director da companhia de bailado.



The Black Swan (2010), IMDB
 
Copyright 2009 P s i c o l o g i a (s). Powered by Blogger