terça-feira

Dormir de bruços pode aumentar a possibilidade de se terem sonhos eróticos








Numa investigação publicada na "Dreaming"do passado mês de Setembro, * aferiram-se os traços de personalidade (Inventário dos 5 factores-NEO e a Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne) , as posições em que habitualmente dormem (lado, bruços, barriga para cima) , e a intensidade e conteúdo dos sonhos (escalas de intensidade e conteúdo de sonhos ) de 670 participantes e concluiu-se que independentemente dos factores de personalidade, dormir de barriga para baixo , para além de promover sonhos mais intensos, interfere nos seus conteúdos, aumentando significativamente a possibilidade de se terem sonhos eróticos .

Contudo, para aqueles que depois de conhecerem tais conclusões  equacionam adoptar uma nova postura durante o sono, a decisão não será certamente  simples, pois de acordo com a mesma pesquisa esta posição  promove , igualmente, sonhos de conteúdo negativo ou persecutório , como imaginar-se paralisado, amarrado, ou incapaz de respirar .




*Yu, Calvin Kai-Ching(2012)The effect of sleep position on dream experiences .Dreaming, Vol 22(3), 212-221.

Pais com formação musical percepcionam melhor as pistas afectivas do choro dos seus bebés



O choro do bebé é de todos os comportamentos pré-verbais o que mais chama a atenção dos pais. Sabe-se que a capacidade para reconhecer os diferentes padrões de choro dos filhos - com todas as consequências negativas na relação precoce que daí advêm - diminui com a depressão. Os autores desta pesquisa * pretenderam investigar a correlação entre a formação musical parental e a capacidade de interpretar as pistas afectivas contidas no choro dos bebés e concluíram que a primeira se assume como um factor protector da capacidade de interpretação do choro dos filhos, mesmo quando os pais estão deprimidos. Mais uma evidência para se investir no ensino artistico (da música) ! 




 * Young, Katherine S.; Parsons, Christine E.; Stein, Alan; Kringelbach, Morten L  Interpreting infant vocal distress: The ameliorative effect of musical training in depression . Emotion, Vol 12(6), Dec 2012, 1200-1205

quinta-feira

Saúde Mental em Lisboa- Guia de recursos

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segunda-feira

Generosidade e felicidade conjugal ou.... .....para ser feliz no amor, não apenas sentir, agir !








De acordo com uma pesquisa recente* , a generosidade é um factor-chave da satisfação conjugal. Neste amplo estudo - que acompanhou cerca de 1400 casais, com idades compreendidas entre os 18 e os 46 anos - a generosidade, avaliada no interior do casal por comportamentos aparentemente tão simples como a preparação do pequeno almoço, uma massagem nas costas depois de um dia extenuante, oferecer flores, marcar um jantar romântico, preparar as refeições, ajudar nas lides domésticas, ou nas tarefas parentais correlacionou-se muito significativamente com a satisfação conjugal.

Na realidade, aqueles cujas relações foram descritas como generosas  têm cinco vezes mais probabilidades de se sentirem felizes na (e com a ) relação, quando comparados com os casais em que este tipo de comportamentos não são prática quotidiana. Por outro lado, de acordo com esta investigação, a generosidade , aliada a factores como o grau de compromisso e o tempo de qualidade dedicado à relação, melhoram, igualmente, a satisfação sexual dos casais – factor preponderante na avaliação da satisfação conjugal.
 

Contudo, atenção....o segredo deste bem-estar relacional não passa, obviamente, pela dádiva indiscriminada . Aqueles que preparam chá preto ao seu companheiro(a) quando este sempre preferiu café, ou que, ignorando os seus ideais vegans, lhe oferecem uma mala de pele, entre outros descuidos e desatenções, não contribuem para maiores índices de satisfação, pois a mensagem subjacente a tais accções deixa de ser “ tu és importante, valioso (a), eu conheço-te ,e quero que te sintas bem “




co- publicada pela Universidade de Virginia e O Centro para o Casamento e Familias, na última compilação de “ The State of our Unions”

Diz-me o que calças, dir-te-ei quem és ...









Foi o que fizeram, com enorme exactidão (90 % de acertos em algumas características!), os participantes na pesquisa * realizada, recentemente , na Universidade do Kansas. Com efeito, conseguiram - e  unicamente a partir de fotografias de sapatos disponibilizadas por outros voluntários  que paralelamente completaram vários instrumentos multi-dimensionais de auto-avaliação - caracterizar os proprietários dos sapatos em dimensões como  estilo de vinculação, estabilidade emocional, introversão-extroversão, agressividade, e até mesmo as suas inclinações políticas :)



* Bahns, A.J ; Crandall, C.; Ge, F. ; Gillath, O (2012) Shoes as source of first impressions. Journal of Research in Personality. Vol.46, Issue 4, 423-430.

quarta-feira

Ansiedade funcional e disfuncional Relaxamento I - Respiração Diafragmática


Ansiedade : Sintomatologia física 

Ansiedade funcional e disfuncional

Todos nós experienciamos, pelo menos ocasionalmente, um determinado grau de ansiedade, o que  não é necessariamente negativo.
Na verdade, a ansiedade desempenha a importante função de proteger o organismo contra o perigo. Quando é percepcionada uma ameaça, são os diferentes componentes da resposta de ansiedade (aumento do ritmo cardíaco, aumento do ritmo respiratório,aumento da tensão muscular, criação de um estado de alerta) que permitem que o indivíduo esteja preparado para a acção (seja esta o ataque ou fuga). Assim, se, por exemplo, quando ao atravessarmos uma rua percepcionamos um carro a dirigir-se para nós, é a resposta de ansiedade que nos permite fugir para o passeio, e evitarmos ser atropelados.

Contudo, pode, igualmente, acontecer , experienciarmos níveis de ansiedade desproporcionais às ameaças reais que enfrentamos quotidianamente, isto é, que nos sintamos demasiadamente ansiosos ou ansiosos demasiado tempo. Neste caso, a ansiedade torna-se disfuncional e importa reduzi-la. Por outro lado, pode também acontecer que não cheguemos a percepcionar ansiedade emocionalmente, mas que experimentemos apenas fisicamente um estado de tensão muscular excessiva continuado, o que também poderá conduzir a um desequilíbrio neurovegetativo que importa combater.

Como? Antes do mais, é relevante salientar que a capacidade de relaxar é uma capacidade como qualquer outra (conduzir um carro, praticar um desporto, etc), pelo que qualquer pessoa pode adquiri-la de forma mais ou menos autónoma, bastando para tal aprender um conjunto de procedimentos, e praticá-los com alguma paciência e persistência. Os - os resultados surgirão de forma gradual !

Dos vários procedimentos possíveis, há dois que  se destacam pela sua simplicidade e eficácia: a respiração
diafragmática e o relaxamento muscular progressivo. Estes procedimentos não são mutuamente
exclusivos; pelo contrário, a sua combinação potencia a obtenção do estado de relaxamento
pretendido.

Hoje, começaremos pelo treino da respiração diafragmática :


I - RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA /ABDOMINAL


A respiração abdominal, ao permitir a participação do diafragma na expansão dos pulmões, possibilita uma melhor oxigenação e um melhor controle do ritmo respiratório. O envolvimento dos músculos abdominais favorece também a descontracção de uma zona que contém orgãos muito sensíveis aos mais diferentes estados emocionais negativos.


Deite-se de costas numa posição confortável , ou sente-se com os pés bem afastados. Coloque uma mão no seu peito e a outra no abdómen. As suas mãos vão permitir -lhe observar como está a respirar.

Sem tentar modificar a respiração, observe qual das sua mãos está a levantar e baixar a cada respiração. Se a mão sobre a barriga se ergue quando inspira, então está a respirar com a participação do diafragma - que adequadamente se desloca para baixo permitindo uma maior amplitude respiratória aos pulmões; se não, está a respirar com o peito.

Mude a sua respiração do peito para o abdómen. Inspire lenta e profundamente através das vias nasais e para o abdómen de forma a levantar a sua mão tanto quanto lhe for confortável. Sorria ligeiramente. Inspire através do nariz, e expire pela boca. Permita-se emitir um som suave, semelhante a um sopro, enquanto exala. Sinta e pense cada som expelido através da sua boca como um sinal de alívio.

Espere alguns segundos antes de iniciar um novo ciclo respiratório.

Continue a praticar inspirações lentas e profundas, seguidas, após ligeira pausa ou suspensão, de exalações igualmente lentas e profundas. Quando expira, sinta a sua barriga a descer, bem como os seus ombros, peito, abdómen a descontrair e relaxar.

Pratique entre cinco a dez minutos todos os dias. Pode fazê-lo mesmo na cama ao deitar, para facilitar a entrada no sono.

Como forma de combater a distracção, foque a sua atenção nas mãos.

quinta-feira

Segredos da Linguagem Corporal




Neste documentário defende-se que a comunicação humana depende maioritariamente da comunicação não verbal, sendo que alguns estudiosos, assumem mesmo que a compreensão do significado da comunicação humana depende apenas em cerca de 7% das palavras proferidas.

Através da análise dos gestos , posturas, expressões faciais, movimentos oculares de políticos como Roosevelt, Churchill, Putin, McCain ,Arafat, Obama, e tantos outros, o filme intenta demonstrar como as figuras públicas podem utilizar a linguagem corporal para persuadir as massas, estabelecer poder, e alcançar o sucesso.


terça-feira

Perturbação Obsessivo-Compulsiva (auto-rastreio)*


Perturbação Obsessivo-Compulsiva

(formulário auto-rastreio)*

Assinale para cada uma das seguintes 27 afirmações, se, no seu caso, são verdadeiras (V) ou falsas (F)

  1. Lava as mãos sempre que sente ter-se aproximado demasiado de um animal ou objecto sujo?
  2. Costuma reposicionar tapetes, toalhas, etc por pensar que não estão 100 % alinhados?
  3. Sente que há dias em que pensa tanto em algumas palavras ou imagens que se torna difícil dedicar-se a qualquer outra tarefa?
  4. Costuma acontecer-lhe não conseguir deixar de repetir (ainda que para si mesmo) determinada frase?
  5. Ao longo do dia pensa algumas vezes sobre trabalho ou tarefas já concluídas?
  6. Apercebe-se que durante determinadas actividades não consegue deixar de contar?
  7. Acontece-lhe por vezes ter que tentar abstrair-se de um pensamento acerca do seu companheiro a fazer qualquer coisa de que ele/ela não gostaria que soubesse?
  8. Existem algumas actividades que não consegue completar sem ter contado até um certo número?
  9. Acontece-lhe ter que se abstrair de pensamentos sobre magoar-se a si mesmo, ou suicidar-se?
  10. Ao longo do dia costuma lembrar-se de determinada palavra, imagem, ou frase?
  11. Costuma confirmar a higiene de assentos públicos (como os dos taxis, autocarros) antes de neles se sentar?
  12. Acontece-lhe dar por si a repetir em voz alta o que já foi falado, ainda que o tente evitar?
  13. Após sair de casa, costuma pensar de forma intensa sobre se lá estará tudo em ordem?
  14. Antes de começar a vestir-se, costuma pensar sobre a forma como exactamente o fará?
  15. Alguma vez deu por si a contar coisas, sem razão aparente'
  16. Recorda-se de ter existido algum dia em que não conseguia pensar em qualquer outra coisa que não fazer-se mal, magoar-se ,ou mesmo pôr termo à sua vida?
  17. Lava as mãos depois de ler o jornal?
  18. Alguma vez reparou que toca em determinados objectos várias vezes antes ou depois de os ter utilizado?
  19. Alguma vez tocou várias vezes em interruptores de aparelhos eléctricos , contando, mesmo que tenha tentado não o fazer'
  20. Costuma procurar cantos dobrados em livros ou revistas para os endireitar?
  21. Costuma dobrar cuidadosamente os jornais depois de os ler para que adquiram a forma original?
  22. Costuma pensar que pode adoecer, ficar cego, ou louco?
  23. Existem dias em que só consegue pensar em agredir, magoar ou matar alguém?
  24. Depois de se deitar levanta-se de novo para confirmar se os aparelhos eléctricos estão desligados?
  25. A contagem do número de vezes em que liga ou desliga os interruptores eléctricos interfere com as suas actividades quotidianas?
  26. Reorganiza objectos na sua secretária, banca de cozinha ou noutros sítios repetidamente, apesar de nada ter sido tocado desde a última vez que os organizou?
  27. Confirma o endereço do remetente imediatamente antes de pôr uma carta do correio?

Pontuação

a. Calcule o número de respostas “verdadeiras” para as questões 3,4,5,6,7,8,9,10, 13,14,15,16,22 e 23

Estas questões remetem para pensamentos obsessivos. Se o número total de respostas verdadeiras para estas questões se situar à volta de
1 ou de 2, provavelmente não terá pensamentos obsessivos clinicamente significativos.
3,4,5 ou 6 , provavelmente terá pensamentos obsessivos clinicamente significativos, deverá equacionar a possibilidade de consultar um psicólogo clínico/psicoterapeuta/psiquiatra
7-14- definitivamente tem pensamentos obsessivos clinicamente significativos que requerem atenção e cuidados especializados. Procure ajuda.


b. Calcule o número de respostas “verdadeiras” para as questões 1,2,11,12,17,18,19,20,21,24,25,26 e 27.

Estas questões remetem para pensamentos /comportamentos compulsivos. Se o total de respostas verdadeiras a estas questões se situar à volta de
1, 2 ou 3 , provavelmente não tem comportamentos compulsivos clinicamente significativoss.
4,5,6, ou 7: provavelmente tem comportamentos compulsivos clinicamente significativos, e deverá equacionar a possibilidade de consultar um psicólogo clínico/psicoterapeuta/psiquiatra
8-13: definitivamente apresenta comportamentos compulsivos que requerem atenção e cuidados especializados. Procure ajuda.



Hand, Iver e Plepsch Rudiger, University of Hamburg, Germany.



Depressão - escala de auto-avaliação (Zung *)




Escala de auto-avaliação de Depressão (Zung, adapt) *


Por favor leia cada uma das seguintes afirmações e escolha , assinalando a respectiva coluna (✓), a opção que melhor descreve a forma como se tem sentido nos últimos dias




Pouco tempo
Algum tempo
Boa parte do tempo
Maioria do tempo
1. Sinto-me desanimado(a), deprimido(a) e triste








2. A manhã é o momento do dia em que me sinto melhor








3. Tenho crises de choro, ou sinto vontade de chorar








4. Tenho dificuldade em dormir descansado (a) durante a noite








5. Continuo a alimentar-me da mesma forma como me alimentava no passado








6. Ainda sinto prazer com o sexo








7. Apercebi-me de que estou a perder peso








8. Tenho prisão de ventre








9. O meu coração está mais acelerado que o habitual








10. Canso-me sem motivo aparente








11. Sinto-me tão lúcido(a) como anteriormente








12. Tenho tanta facilidade em fazer as coisas como anteriormente








13. Sinto-me agitado(a) e não consigo ficar parado(a)








14.Sinto-me optimista e esperançoso(a) em relação ao futuro








15. Sinto-me mais irritável que o habitual








16. Sinto facilidade em tomar decisões








17. Sinto-me útil e necessário(a)








18. Sinto ter uma vida bastante completa








19. Sinto que os outros ficariam melhor se morresse








20. Continuo a ter prazer nas coisas de que sempre gostei











Consulte a grelha para cada uma das suas respostas, e some a pontuação obtida.

Afirmação
Pouco tempo
Algum tempo
Boa parte do tempo
Maioria do tempo
1
1
2
3
4
2
4
3
2
1
3
1
2
3
4
4
1
2
3
4
5
4
3
2
1
6
4
3
2
1
7
1
2
3
4
8
1
2
3
4
9
1
2
3
4
10
1
2
3
4
11
4
3
2
1
12
4
3
2
1
13
1
2
3
4
14
4
3
2
1
15
1
2
3
4
16
4
3
2
1
17
4
3
2
1
18
4
3
2
1
19
1
2
3
4
20
4
3
2
1


* adaptado de : Zung WWK. A self-rating depression scale. Arch Gen Psychiatry. 1965;12:63-70.


A maioria das pessoas que sofrem de depressão pontuam valores entre 50 e 69. O resultado mais elevado possível é 80.

Se o resultado obtido se situar nestes valores, considere a possibilidade de pedir ajuda, e consultar um técnico que o(a) possa ajudar.







sexta-feira

A sincronia no casal : não tanto na alegria e na saúde, mais na tristeza e na doença

O enfoque tradicional da psicologia (e da psicanálise) assentou no indivíduo , enquanto unidade de análise. Contudo, desde muito cedo, inúmeros terapeutas e investigadores chamaram a atenção para a necessidade de se atentar na relação, porquanto, não existimos enquanto pessoas, sem ser , precisamente, na e em relação.

Não são, deste modo, surpreendentes, as conclusões das pesquisas sobre a influência do contexto relacional na nossa saúde, e que nos demonstram que o meio influencia tanto o nosso estado mental, quanto o físico.

A título do exemplo, haviam já sido estabelecidas, em inúmeras investigações, correlações entre a longevidade , sintomatologia física e susceptibilidade à doença ( desde a gripe comum ao cancro ) e medidas tanto das rede de relações sociais efectivamente mantidas, como do apoio social percepcionado pelo indivíduo.*1(Uchino, Cacioppo, & Kiecolt-Glaser,1996).

Também os casamentos /uniões de facto felizes – na vida de muitos adultos, a relação social central , e a mais duradora - se encontram associados a menor risco de depressão, e de mortalidade, enquanto que o inverso também é habitualmente demonstrado nestes estudos, que revelam a influência negativa que as dificuldades conjugais exercem na saúde, principalmente na das mulheres , aparentemente, mais afectadas , por este factor.

Contudo, apesar do reconhecimento generalizado da importância que o contexto conjugal exerce na saúde individual, muito pouco se sabe como ocorre esse processo ou se estabelece essa influência entre conjuges, e como , individualmente, o estado emocional dos nossos parceiros , nos afecta , e à nossa saúde.


Partindo das hipótese dos teóricos do ''attachment” de que a vinculação precoce possibilita a regulação fisiológica e emocional do bebé cujas capacidades auto-regulatórias se encontram ainda em desenvolvimento, assumindo o cuidador um papel de co-regulador , duas investigadoras da Universidade da California, Darby Saxbe e Rena Repetti (2010) quiseram entender se , também na idade adulta, e no contexto de uma relação duradoura, os elementos da díade se co-regulam /sincronizam emocional e fisiologicamente.

Para tal ,acompanharam 30 casais (em casa, e no trabalho ) e recolheram , quatro vezes por dia, amostras de saliva (pretendendo aferir os respectivos níveis de cortisol , uma medida de stress) a par de medidas de auto-registo de estados de humor, e chegaram à conclusão de que , como esperavam, os níveis de cortisol entre cônjuges se encontravam positivamente associados, isto é, independentemente dos elementos do casal estarem ou não próximos fisicamente no momento em que as amostras de saliva eram recolhidas, quando um dos elementos revelava níveis de stress mais altos do que o seu habitual , o outro acompanhava esta tendência, encontrando-se, igualmente também mais ''stressado'', confirmando-se que as oscilações individuais dos nossos níveis de stress , e estados de humor, se encontram associadas às daqueles que connosco partilham a vida. 

Curiosamente, e em relação aos factores negativos (maiores níveis de stress e estados emocionais negativos ) os dados revelaram que a satisfação conjugal diminui a força desta correlação, e a insatisfação conjugal aumenta-a, o que aponta para que quanto pior nos sentimos na relação a dois , mesmo que o não desejemos, essa será a altura em que mais sincronizados estaremos com o nosso parceiro, ainda que esta simultaneidade ocorra apenas “ na tristeza , e na doença “

Uchino, B. N., Cacioppo, J. T., & Kiecolt-Glaser, J. K. (1996). The
relationship between social support and physiological processes. Psychological Bulletin, 119, 488 –531.

Saxbe, D et Repetti, , RL (2010)-For better or worse.Coregulation of couples' cortisol levels and mood states . Journal of personality and social Psychology, Vol. 98, No. 1, 92–103

segunda-feira

Conjugalidade : ultrapassar a infidelidade








É vulgar ouvir-se que uma traição pode ser o ponto final de uma relação amorosa. Contudo, no dia-a-dia quantos de nós nos não cruzámos já com casamentos e relações que lhes sobrevivem?

Também a prática clínica e a investigação recentes apontam para que a infidelidade conjugal possa , de facto, ser ultrapassada, o que, não raramente, acontece sem ser necessária uma intervenção psicoterapêutica.

Contudo, em terapia, este é , sem dúvida , um dos factores mais disruptivos na relação , e aquele que provoca maior conflito e stress nos conjuges , antes da terapia.

Surpreendentemente, uma pesquisa recente* aponta para que estes casais , inicialmente mais perturbados, apresentem, no final do processo terapêutico, melhores indicadores de satisfação conjugal do que aqueles que procuram ajuda profissional para resolução de outros conflitos e questões. Os investigadores(Atkins, Baucom, & Jacobson, 2005), ressalvam, todavia, o facto de neste estudo , que acompanhou cerca de 125 casais, as infidelidades não partilhadas antes ou durante a terapia, e que permaneceram escondidas do parceiro, se terem revelado devastadoras para a relação.

Assim, e ao contrário da visão de muitos terapeutas conjugais (Whisman, Dixon e Johnson , 1997) de que a infidelidade, e o ciúme constituiriam os seus maiores desafios , e sinais para um mau prognóstico , a replicação de estudos como o actual, revela-se uma mensagem optimista e encorajadora tanto para os casais que se debatem com esta problemática, como para os seus terapeutas.


Atkins, D. C., Baucom, D. H., Christensen, A., Eldridge, K. & Jacobson, N. S. (2005). Infidelity and Behavioral Couple Therapy:Optimism in the Face of Betrayal. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 73, Nº 1, 144-150.
 
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