terça-feira

Perturbação Obsessivo-Compulsiva (auto-rastreio)*


Perturbação Obsessivo-Compulsiva

(formulário auto-rastreio)*

Assinale para cada uma das seguintes 27 afirmações, se, no seu caso, são verdadeiras (V) ou falsas (F)

  1. Lava as mãos sempre que sente ter-se aproximado demasiado de um animal ou objecto sujo?
  2. Costuma reposicionar tapetes, toalhas, etc por pensar que não estão 100 % alinhados?
  3. Sente que há dias em que pensa tanto em algumas palavras ou imagens que se torna difícil dedicar-se a qualquer outra tarefa?
  4. Costuma acontecer-lhe não conseguir deixar de repetir (ainda que para si mesmo) determinada frase?
  5. Ao longo do dia pensa algumas vezes sobre trabalho ou tarefas já concluídas?
  6. Apercebe-se que durante determinadas actividades não consegue deixar de contar?
  7. Acontece-lhe por vezes ter que tentar abstrair-se de um pensamento acerca do seu companheiro a fazer qualquer coisa de que ele/ela não gostaria que soubesse?
  8. Existem algumas actividades que não consegue completar sem ter contado até um certo número?
  9. Acontece-lhe ter que se abstrair de pensamentos sobre magoar-se a si mesmo, ou suicidar-se?
  10. Ao longo do dia costuma lembrar-se de determinada palavra, imagem, ou frase?
  11. Costuma confirmar a higiene de assentos públicos (como os dos taxis, autocarros) antes de neles se sentar?
  12. Acontece-lhe dar por si a repetir em voz alta o que já foi falado, ainda que o tente evitar?
  13. Após sair de casa, costuma pensar de forma intensa sobre se lá estará tudo em ordem?
  14. Antes de começar a vestir-se, costuma pensar sobre a forma como exactamente o fará?
  15. Alguma vez deu por si a contar coisas, sem razão aparente'
  16. Recorda-se de ter existido algum dia em que não conseguia pensar em qualquer outra coisa que não fazer-se mal, magoar-se ,ou mesmo pôr termo à sua vida?
  17. Lava as mãos depois de ler o jornal?
  18. Alguma vez reparou que toca em determinados objectos várias vezes antes ou depois de os ter utilizado?
  19. Alguma vez tocou várias vezes em interruptores de aparelhos eléctricos , contando, mesmo que tenha tentado não o fazer'
  20. Costuma procurar cantos dobrados em livros ou revistas para os endireitar?
  21. Costuma dobrar cuidadosamente os jornais depois de os ler para que adquiram a forma original?
  22. Costuma pensar que pode adoecer, ficar cego, ou louco?
  23. Existem dias em que só consegue pensar em agredir, magoar ou matar alguém?
  24. Depois de se deitar levanta-se de novo para confirmar se os aparelhos eléctricos estão desligados?
  25. A contagem do número de vezes em que liga ou desliga os interruptores eléctricos interfere com as suas actividades quotidianas?
  26. Reorganiza objectos na sua secretária, banca de cozinha ou noutros sítios repetidamente, apesar de nada ter sido tocado desde a última vez que os organizou?
  27. Confirma o endereço do remetente imediatamente antes de pôr uma carta do correio?

Pontuação

a. Calcule o número de respostas “verdadeiras” para as questões 3,4,5,6,7,8,9,10, 13,14,15,16,22 e 23

Estas questões remetem para pensamentos obsessivos. Se o número total de respostas verdadeiras para estas questões se situar à volta de
1 ou de 2, provavelmente não terá pensamentos obsessivos clinicamente significativos.
3,4,5 ou 6 , provavelmente terá pensamentos obsessivos clinicamente significativos, deverá equacionar a possibilidade de consultar um psicólogo clínico/psicoterapeuta/psiquiatra
7-14- definitivamente tem pensamentos obsessivos clinicamente significativos que requerem atenção e cuidados especializados. Procure ajuda.


b. Calcule o número de respostas “verdadeiras” para as questões 1,2,11,12,17,18,19,20,21,24,25,26 e 27.

Estas questões remetem para pensamentos /comportamentos compulsivos. Se o total de respostas verdadeiras a estas questões se situar à volta de
1, 2 ou 3 , provavelmente não tem comportamentos compulsivos clinicamente significativoss.
4,5,6, ou 7: provavelmente tem comportamentos compulsivos clinicamente significativos, e deverá equacionar a possibilidade de consultar um psicólogo clínico/psicoterapeuta/psiquiatra
8-13: definitivamente apresenta comportamentos compulsivos que requerem atenção e cuidados especializados. Procure ajuda.



Hand, Iver e Plepsch Rudiger, University of Hamburg, Germany.



Depressão - escala de auto-avaliação (Zung *)




Escala de auto-avaliação de Depressão (Zung, adapt) *


Por favor leia cada uma das seguintes afirmações e escolha , assinalando a respectiva coluna (✓), a opção que melhor descreve a forma como se tem sentido nos últimos dias




Pouco tempo
Algum tempo
Boa parte do tempo
Maioria do tempo
1. Sinto-me desanimado(a), deprimido(a) e triste








2. A manhã é o momento do dia em que me sinto melhor








3. Tenho crises de choro, ou sinto vontade de chorar








4. Tenho dificuldade em dormir descansado (a) durante a noite








5. Continuo a alimentar-me da mesma forma como me alimentava no passado








6. Ainda sinto prazer com o sexo








7. Apercebi-me de que estou a perder peso








8. Tenho prisão de ventre








9. O meu coração está mais acelerado que o habitual








10. Canso-me sem motivo aparente








11. Sinto-me tão lúcido(a) como anteriormente








12. Tenho tanta facilidade em fazer as coisas como anteriormente








13. Sinto-me agitado(a) e não consigo ficar parado(a)








14.Sinto-me optimista e esperançoso(a) em relação ao futuro








15. Sinto-me mais irritável que o habitual








16. Sinto facilidade em tomar decisões








17. Sinto-me útil e necessário(a)








18. Sinto ter uma vida bastante completa








19. Sinto que os outros ficariam melhor se morresse








20. Continuo a ter prazer nas coisas de que sempre gostei











Consulte a grelha para cada uma das suas respostas, e some a pontuação obtida.

Afirmação
Pouco tempo
Algum tempo
Boa parte do tempo
Maioria do tempo
1
1
2
3
4
2
4
3
2
1
3
1
2
3
4
4
1
2
3
4
5
4
3
2
1
6
4
3
2
1
7
1
2
3
4
8
1
2
3
4
9
1
2
3
4
10
1
2
3
4
11
4
3
2
1
12
4
3
2
1
13
1
2
3
4
14
4
3
2
1
15
1
2
3
4
16
4
3
2
1
17
4
3
2
1
18
4
3
2
1
19
1
2
3
4
20
4
3
2
1


* adaptado de : Zung WWK. A self-rating depression scale. Arch Gen Psychiatry. 1965;12:63-70.


A maioria das pessoas que sofrem de depressão pontuam valores entre 50 e 69. O resultado mais elevado possível é 80.

Se o resultado obtido se situar nestes valores, considere a possibilidade de pedir ajuda, e consultar um técnico que o(a) possa ajudar.







sexta-feira

A sincronia no casal : não tanto na alegria e na saúde, mais na tristeza e na doença

O enfoque tradicional da psicologia (e da psicanálise) assentou no indivíduo , enquanto unidade de análise. Contudo, desde muito cedo, inúmeros terapeutas e investigadores chamaram a atenção para a necessidade de se atentar na relação, porquanto, não existimos enquanto pessoas, sem ser , precisamente, na e em relação.

Não são, deste modo, surpreendentes, as conclusões das pesquisas sobre a influência do contexto relacional na nossa saúde, e que nos demonstram que o meio influencia tanto o nosso estado mental, quanto o físico.

A título do exemplo, haviam já sido estabelecidas, em inúmeras investigações, correlações entre a longevidade , sintomatologia física e susceptibilidade à doença ( desde a gripe comum ao cancro ) e medidas tanto das rede de relações sociais efectivamente mantidas, como do apoio social percepcionado pelo indivíduo.*1(Uchino, Cacioppo, & Kiecolt-Glaser,1996).

Também os casamentos /uniões de facto felizes – na vida de muitos adultos, a relação social central , e a mais duradora - se encontram associados a menor risco de depressão, e de mortalidade, enquanto que o inverso também é habitualmente demonstrado nestes estudos, que revelam a influência negativa que as dificuldades conjugais exercem na saúde, principalmente na das mulheres , aparentemente, mais afectadas , por este factor.

Contudo, apesar do reconhecimento generalizado da importância que o contexto conjugal exerce na saúde individual, muito pouco se sabe como ocorre esse processo ou se estabelece essa influência entre conjuges, e como , individualmente, o estado emocional dos nossos parceiros , nos afecta , e à nossa saúde.


Partindo das hipótese dos teóricos do ''attachment” de que a vinculação precoce possibilita a regulação fisiológica e emocional do bebé cujas capacidades auto-regulatórias se encontram ainda em desenvolvimento, assumindo o cuidador um papel de co-regulador , duas investigadoras da Universidade da California, Darby Saxbe e Rena Repetti (2010) quiseram entender se , também na idade adulta, e no contexto de uma relação duradoura, os elementos da díade se co-regulam /sincronizam emocional e fisiologicamente.

Para tal ,acompanharam 30 casais (em casa, e no trabalho ) e recolheram , quatro vezes por dia, amostras de saliva (pretendendo aferir os respectivos níveis de cortisol , uma medida de stress) a par de medidas de auto-registo de estados de humor, e chegaram à conclusão de que , como esperavam, os níveis de cortisol entre cônjuges se encontravam positivamente associados, isto é, independentemente dos elementos do casal estarem ou não próximos fisicamente no momento em que as amostras de saliva eram recolhidas, quando um dos elementos revelava níveis de stress mais altos do que o seu habitual , o outro acompanhava esta tendência, encontrando-se, igualmente também mais ''stressado'', confirmando-se que as oscilações individuais dos nossos níveis de stress , e estados de humor, se encontram associadas às daqueles que connosco partilham a vida. 

Curiosamente, e em relação aos factores negativos (maiores níveis de stress e estados emocionais negativos ) os dados revelaram que a satisfação conjugal diminui a força desta correlação, e a insatisfação conjugal aumenta-a, o que aponta para que quanto pior nos sentimos na relação a dois , mesmo que o não desejemos, essa será a altura em que mais sincronizados estaremos com o nosso parceiro, ainda que esta simultaneidade ocorra apenas “ na tristeza , e na doença “

Uchino, B. N., Cacioppo, J. T., & Kiecolt-Glaser, J. K. (1996). The
relationship between social support and physiological processes. Psychological Bulletin, 119, 488 –531.

Saxbe, D et Repetti, , RL (2010)-For better or worse.Coregulation of couples' cortisol levels and mood states . Journal of personality and social Psychology, Vol. 98, No. 1, 92–103

segunda-feira

Conjugalidade : ultrapassar a infidelidade








É vulgar ouvir-se que uma traição pode ser o ponto final de uma relação amorosa. Contudo, no dia-a-dia quantos de nós nos não cruzámos já com casamentos e relações que lhes sobrevivem?

Também a prática clínica e a investigação recentes apontam para que a infidelidade conjugal possa , de facto, ser ultrapassada, o que, não raramente, acontece sem ser necessária uma intervenção psicoterapêutica.

Contudo, em terapia, este é , sem dúvida , um dos factores mais disruptivos na relação , e aquele que provoca maior conflito e stress nos conjuges , antes da terapia.

Surpreendentemente, uma pesquisa recente* aponta para que estes casais , inicialmente mais perturbados, apresentem, no final do processo terapêutico, melhores indicadores de satisfação conjugal do que aqueles que procuram ajuda profissional para resolução de outros conflitos e questões. Os investigadores(Atkins, Baucom, & Jacobson, 2005), ressalvam, todavia, o facto de neste estudo , que acompanhou cerca de 125 casais, as infidelidades não partilhadas antes ou durante a terapia, e que permaneceram escondidas do parceiro, se terem revelado devastadoras para a relação.

Assim, e ao contrário da visão de muitos terapeutas conjugais (Whisman, Dixon e Johnson , 1997) de que a infidelidade, e o ciúme constituiriam os seus maiores desafios , e sinais para um mau prognóstico , a replicação de estudos como o actual, revela-se uma mensagem optimista e encorajadora tanto para os casais que se debatem com esta problemática, como para os seus terapeutas.


Atkins, D. C., Baucom, D. H., Christensen, A., Eldridge, K. & Jacobson, N. S. (2005). Infidelity and Behavioral Couple Therapy:Optimism in the Face of Betrayal. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 73, Nº 1, 144-150.

terça-feira

Depressão, stress, imunidade, e doença








Cada vez mais pesquisas apontam para o facto de a depressão , e o stress provocarem alterações na função imunitária, alterando funções dos sistemas nervoso e endócrino, sendo que o stress tem , nomeadamente, surgido nos ensaios clinicos como associado a uma maior susceptibilidade de infecção, e a um aumento de risco de doença oncológica.

Com efeito, os próprios acontecimentos stressantes de vida, tais como um divórcio ou separação, época de exames, ou o stress associado à prestação de cuidados a um familiar dependente têm efeitos negativos na função imunitária, que podem incluir, a supressão de resposta imunitária , redução de actividade das células NK (células exterminadoras naturais ), e outras alterações nos vários tipos de células T.

Os efeitos destes acontecimentos, dependem da intensidade e duração dos mesmos. A título de exemplo, e aquando de um acontecimentos stressantes, ditos menores, como sejam a aproximação da realização de um exame, foi estabelecida uma correlação com o aumento de glóbulos brancos , alterações na regulação de IL-2 (um tipo de interleucina, proteína envolvida na activação de linfócitos, e consequentemente, na resposta imunitária), e ainda um aumento de infecções por Herpes-virus : HSV (herpes simplex) e CMV (citomegalovirus).

Por outro lado, a pesquisa aponta para que stressores crónicos com duração igual ou superior a um ano aumentem não apenas o risco de depressão, como , provoquem, como referido , alterações no sistema imunitário, com óbvias repercussões na saúde (doença) dos indivíduos sujeitos a este tipo de stress continuado, efeitos que podem ser prevenidos e/ ou minorados através de intervenções psicológica e psicoterapeutica eficazes.



Referências :
Bower, B., (1985). Severe depression depresses immunity. Science News, 127, 100.
Denman, A. M. (1986). Immunity and depression. Science News, 293, 464.
Glaser, R., Kiecolt-Glaser, J. K., & Andersen, B. L. (1994). A biobehavioral model of cancer, stress, and disease course. American Psychologist, 49, 389-404.
Salzano, R. (2003), Taming stress. Scientific American, 289, 88-98.
Weisse, C. S. (1992). Depression and immunocompetence: A review of the literature. Psychological Bulletin, 111, 475-489.



 
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